20 julho 2005

Coelhinho

Era uma vez um coelhinho
Era pequeno e muito branquinho.
Mas pobre do coitadinho,
Gostava de boxe mas era tão fraquinho.
Partiu o nariz o pobrezinho,
Deitou tanto sangue, ficou vermelhinho!
Mas veio logo o seu amiguinho
Que lhe foi ver o coraçãozinho
Batia tão devagarinho!
"Tens que descansar, durante um mesinho"
E assim fez o coelhinho,
Ficou logo melhorzinho.
Agora, o coelho fofinho
Procura outro modo de ocupar o tempinho
O boxe ficou guardadinho
E o nosso herói arranjou um namoradinho.

Fim alternativo:
O boxe ficou guardadinho
E anda a pinocar, o marotinho!

By Angel & Snowhite

Este post foi escrito num momento de insanidade, deve portanto ser ignorado.

19 julho 2005

A Folha

Hoje, entrei no elevador do meu prédio e, no momento em que a porta se fechou, reparei numa pequena folha refugiada a um canto. Pensei ter visto a tua fotografia. Mas porquê a deixarias aqui?
Olhei de novo e vi-te. Reconheci-te pelo teu cabelo cor de fogo, cuja rebeldia sempre me pareceu desafiar as leis da lógica, pois sei que os teus longos fios de cabelos adoram ondular ao sabor de um vento ausente. Eras tu, tinha agora a certeza. Esse teu pequeno sinal junto ao peito não me deixa enganar. Mas aposto que enganou muitos homens que por ti cairam em desgraça, à espera que os aquecesses com a tua branca pele, e esse teu corpo delgado e curvilineo, o sinal de perdição.
Sempre foste uma mulher enigmática, com uma face muito dócil e meiga, mas ao mesmo tempo perigosa, como um lobo em pele de cordeiro, pronto a atacar com os seus afiados dentes, conseguindo tudo aquilo que deseja.
Quando olhei com mais cuidado para ti, reparei na tua cicatriz, que as chamas do teu cabelo tentavam esconder. Decerto que a fizeste graças a esses saltos altos que tu tanto gostas de usar. Sentes-te mais feminina, dirias tu, mas esperei que o dissesses e nada. Simplesmente deixaste-te ficar no silêncio do teu refugio, olhando intensamente para mim, sem permitir que um palavra cortasse o ar gelado que cobria todo o elevador. É o teu modo de lidares com os problemas. Mas eu conheço-te, e sei que estás cansada. Não o teu corpo, mas o teu coração que bombeia ódio, raiva e tristeza, e as tuas veias encarregam-se de levar tais sentimentos a todas as curvas do teu corpo, fazendo-o pagar pelos teus pecados. Por isso te castigas. Vi-o na tua pele, o tratamento que lhe dás.
Jogaste um jogo perigoso e perdeste ao pensar que podias confiar apenas em ti mesma. E hoje refugiaste-te neste solitário elevador, à espera que um amigo cuidasse de ti.

14 julho 2005

Quando a chuva se torna bela

No meio de um campo
Velho e baldio
Cheio de relva descoordenada
Tocada pela chuva ...
No meio,
Bem lá no meio,
Desabrocha uma pequena
Flor amarela.

E pouco a pouco
Chega a Primavera ...
By “Angel”

No meio de um palco
Velho e baldio,
Cheio de personagens descoordenadas,
Tocado pelas luzes
No meio,
Bem no meio,
Desabrocha uma pequena
História colorida.

E pouco a pouco
Chega o Teatro ...
By “prima”


No meio de uma pauta
Velha e queimada
Jazem notas descoordenadas
Sentidas pelo orgão ...
No meio,
Bem no meio,
Pousa um pequeno
Lápis laranja.

E pouco a pouco
Vive-se a Música ...
By “Snowhite”

No meio de uma vida
Esquecida e já abandonada
Qual correr descoordenado
De lágrimas feridas
No meio,
Bem lá no meio,
Nasce uma flor
Chamada amor.

E pouco a pouco
Começa-se a Viver ...
By “Isabel Matos”

No meio de uma aula de T.C,
Longa e secante
Cheia de alunos sonolentos e descoordenados ...
No meio,
Bem lá no meio,
Desabrocha um pouco
De poesia ...

E pouco a pouco
Nascem todas as Palavras ...
By “Angel”
(28/3/01)

10 julho 2005

jeux d'amour

coeur, tu es tellement fou
tais-toi, mon coeur perdu

je n'ai plus rien
q'un seule désir

laisser mon rêve
dámour partir

viens, mon p'tit bateau
flotte, comme un berceau

je veux seulement oublier
emballe-moi sous les nuages
doucement vient le soleil
bonheur aprés lórage

d'amour
toujours
les jeux
d'amour

coeur, fait ton chemin
oublie, tous les chagrins

l'amour est beau
il est partout

il faut chercher
rêver, sourtout

viens, encore une fois
prends moi dans tes bras

je veux seulement oublier
emballe-moi sous les nuages
doucement vient le soleil
bohneur aprés lórage

rodrigo leão "jeux d'amour"

Somewhere only we know


Snowhite: Embora não seja igual ao sítio que encontraste na tua alma e que descreves, penso que está à altura do mesmo... :)
Esta imagem é para ti, da "tua" Islândia.

09 julho 2005

A minha Alma

Depois do sol poente...muito além da íris...e bem no interior da mente, vejo um local secreto onde o imprevisível reina e o tempo não revela a sua idade. Entro no espelho da alma e caminho pelo labirinto de pensamentos que me conduz a um quadro de uma tarde primaveril.
O céu, com os seus tons de laranja, revela-me a serenidade de um sol que lança os derradeiros raios de calor no intuito de reencontrar-se uma vez mais com a Terra.
O solo, por sua vez, está coberto por milhares de flores que, embaladas pela música que se faz sentir na pele, dançam em redor dos meus pés, como que a convidar-me para a dança.
Noto nas pequenas gotas de orvalho que caiem sobre cisnes de pedra que jazem esquecidos neste jardim e que, ao mais leve toque, fazem renascer uma vez mais o voo destas criaturas quase mágicas. Ouço agora o seu terno e melancólico cantar e guio-me até ao mais profundo recanto do jardim onde se exibe orgulhosamente uma fonte de fogo azul, ornamentada com pequenos peixes prateados que mergulham num emaranhado de fios dourados, na luta pelo coração de rubi.
À medida que vou caminhando para sul, vejo o que me parece ser o inicio de uma montanha, envolta num nevoeiro muito espesso. Subo as escadas de madeiras presas à rocha, e à medida que vou subindo os meus passos vão entrando pouco a pouco na escuridão da noite. O reluzir de pirilampos acompanha-me na escalada, acusando pequenos cristais tímidos adormecidos na rocha.
No topo, encontro uma lagoa em quarto crescente, cujas pedras sob um fundo cristalino me incitam a saltar. E é assim que mergulho na aurora boreal do ser e regresso, do secreto local ao mundo de todos, feliz.

04 julho 2005

Chuva

"As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade"

Fado cantado por Mariza, de Jorge Fernando